Bom, hoje é meu dia de postar. A minha vontade era mesmo de me fazer de joão-sem-braço e "esquecer" de escrever. Mas o blog anda meio abandonado, eaíeu pensei “então tá, vamos escrever nessaporra” (podemos postar palavrões?). O texto não vai ser legal, estou muito chata por causa da minha monografia. Mas eu estou quase terminando, prometo que minha chatice não será longa.
Acredito que muitas pessoas não conheçam os talentos literários do Beatle mais engraçado de todos (ele até competia com o Ringo, mas o Ringo tem um nariz muito grande – não que eu possa ter qualquer coisa contra narizes grandes, mas ok). Enfim, o John Lennon gostava de escrever. E ele não era um escritor desses que se encaixam nos padrões de escritores. Ele meio que vomitava palavras, brincava com a gramática inglesa, inventava palavras. Um mesmo conto podia tanto ter uma moral muito profunda como simplesmente não ter moral alguma.
Tem muito gracejo do Lennon que já é famoso, mas seus textos não são lá tão divulgados. Deveriam ser. Para mim, e para o Leminski também, o estilo literário do Lennon, se é que a gente pode chamar assim, é um retrato bastante fiel da contra cultura que começava a tomar seu lugar durante os anos 60. O Leminski diz que o Lennon retratou bem esse espírito juvenil de quebra-quebra da época. Ele disse ainda sobre o Lennon que ele não escrevia errado, mas escrevia erros, subvertia a grafia dos vocábulos.
Para quem entende inglês, é muitomassa ler os textos do Lennon e ver o tanto de coisas absurdas que tem escrito ali. Para quem não entende, não tem problema nenhum. O próprio Leminski realizou uma transcriação (como ele mesmo chama) dos textos de Lennon (porque para o que o Lennon escreveu não tem mesmo tradução. Simplesmente não dá. A única escapatória foi a que Leminski encontrou, e muito bem). É bem divertido.
Todos os textos dele são fragmentos, não tem nenhuma história completa de milhares de páginas. A Spaniard in the Works e John Lennon in his own Write são os nomes dos dois únicos livros que o John publicou, o primeiro em 1965 e o outro logo depois, não me recordo a data. É muito legal a maneira com que as histórias às vezes não possuem sentido nenhum e mesmo assim você lê até o final. A brincadeira com as pontuações, com a grafia, as sátiras sobre o cotidiano, tudo isso é muito legal. Claro que para a maioria das pessoas é só besteira. Mas pra mim é uma besteira bastante engraçada.
O Leminski concorda comigo. Quando ele escreveu sobre o Lennon, no próprio “A Spaniard in the works” que transcriou, colocou citações de Freud e Brecht para dizer que o humor é mesmo legal. E daí segue falando sobre como o humor inglês de Lennon é legal. Eu gostei das citações:
“O humor é a vitória do ego sobre o princípio da realidade” (Freud)
“Quem não tem senso de humor nunca vai entender a dialética” (Brecht) (hahaha)
Segue um dos fragmentos do " A Spaniard in the works" - transcriação de Paulo Leminski. Nesse texto Lennon dá “instruções” de como falar em público. Sugiro ler esse texto-fragmento no original em inglês (estou com preguiça de digitar). E também todos os outros. Tem na biblioteca pública. Não sejam preguiçosos. A identificação do livro é 823.91, L554, SPA. São os doislivros do Lennon em um só. Mas vocês vão ter que esperar eu devolver. Se bem que não tem problema, se não me engano tem um outro exemplar por lá.
Todos a Bordo em Vozalta (All abord speeching)
1. Fale claro e nasal, por isento.
"Ron cordialmente pede informar Mamãe tudo foi perdoador.”
Muitas personas expressam grande peso com a palavra Mamãe.
2. Cante-se com voz longa.
Digamos assim.
Respirar fundo é Nescafé para uma voz escura, inspirar fundo e com frêmito é muito importante para loucutortos e áreas de ópus... visibilidade zero em Rockall e Fredastaire? Praticar todo dia mas não se você for murdo e súbito.
p. ex. “Enquanto falo sobre você meus Ivãs estavam ficando frios, e você sabe, tão bem quanto eu, que devemos malhar o Ivã enquanto ainda está quente”
Nótinguem que em Oxfam eles pronunciam “Aivã” mas em Caimbiltre “Óivan” - a advogal assim por extenso qualibrada – bingo.
Pratiquem davidamente, mas não se vocês forem o Mordo e o Gagro.
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