- yeah.
Então lembrei de um amigo meu. Ele é uma daquelas pessoas queridas que a vida leva pra tão longe que até o mundo cibernético é incapaz de suportar a distância. E aquele safado sabia de música... Enfim, estava conversando com meu amigo e pedi a ele que me apresentasse a alguns sons legais. Ele respondeu que não. "Não. Você precisa conhecer por você mesma. Tem que bater aquele feeling de do it yourself, de procurar, ver o que você gosta e o que não gosta... Seja independente, essa é toda a grandeza do mundo". Depois não se conteve. Disse: "Tá, mas pra começar, você TEM que ouvir uma música. Incrível. Chama-se Gimme Shelter e é dos Stones". E me mandou a dita-cuja.
Oh, a storm is threat'ning
My very life today
If I don't get some shelter
Oh yeah, I'm gonna fade away
Foi tipo UAU. Daí ouvi de novo. E de novo. E de novo. Depois li a letra. E foi como uma revolução no meu pequenino coração. Era tudo aquilo que eu precisava: um bando de caras loucos, suados, descabelados, falando verdades em meio a berros e solos de guitarra.
War, children, it's just a shot away
It's just a shot away
I tell you love, sister, it's just a kiss away
It's just a kiss away
"A guerra está a um tiro de distância. O amor está a um beijo de distância", meu amigo me disse. E não é que é? É sim. Me lembrei de uma conversa que havia tido algum tempo antes com outro amigo. Nós concordamos que começar a amar uma pessoa é uma coisa muito fácil. É só ficar olhando, admirando seus detalhes, se impressionando com cada coisinha que ela fizer, fazer um esforço para ela se tornar extremamente interessante. Pronto. Você está interessado nela. A partir daí o bicho pega. Mas isso não interessa. A coisa é que a distância que separa a indiferença do amor é um beijo; a paz da guerra é um tiro; o estranho do normal é o uso; o bom do ruim é o tempo; o cara normal do grandioso é a morte. E assim vai.
Esse foi o começo da minha jornada musical. Poderia ter voltado mais o relógio, para contar do grande salto que eu dei aos 10, 11 anos, quando decidi que iria gostar de Hanson (heh) porque eles, pelo menos, cantavam, compunham e tocavam as próprias músicas. Decidi, naquele momento, alguns fatores básicos que determinavam a chamada 'música boa'. Mas foi depois de Gimme Shelter que eu descobri o rock clássico. Pink Floyd, Led Zeppelin, Bob Dylan, Janis Joplin. E esses dinossauros me levaram à todas as outras coisas que eu antes nem imaginava que existiam: a psicodelia dos mutantes, a bossa nova super-minimalista, o chico, o brilho brega dos anos 80, os garotos sujos do grunge, o rock dançante do começo dos anos 2000, e a mistureba que é hoje. Samba-rock, jazz 'n roll, tango eletrônico e outras maluquices a parte que fazem o mundo ficar mais bonito. E tudo começou com um riff pirado dos Stones.
2 comentários:
audi, minha pira rocknrôulica também começou com uma música só. do nada, decidi mexer nos milhares discos do meu pai e um deles me chamou a atenção, uma música mais especificamente, acho que pelo nome. "heartbraker", do led zeppelin, é a responsável pela minha doença crônica de amor pelos anos 60 e 70. depois que eu ouvi aquele solo do meio da música, minha vida nunca mais foi a mesma.
os Stones MANDAM.
uma das melhores coisas da minha vida: Stones em Copacabana.
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