sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Vou te dizer o que penso essa noite. Quero te dizer o quanto é legal quando as coisas fazem sentido o máximo possível, como é legal entender a natureza, e as pessoas, e Deus se ele existe, mas como é legal da mesma maneira ter um botão que desligue todo esse sentido e que nos mergulhe num poço de dúvida e insegurança, porque é isso que faz do humano humano afinal, mas não sei se você entenderia, então te levaria para o meio da grama, não o meio propriamente dito, pois levaria muito tempo a calcular isso e a noite é muito curta para perder tempo com essas bobagens matemáticas, então te deitaria lá por algum meio da grama e te faria olhar as estrelas e saber da nossa posição em relação aos firmamentos, isso é claro se os firmamentos assim, com essa robustez vocabular firme, forte e magnânima te trouxerem alguma segurança, mas se não trouxerem não é de todo ruim, já que daria a você a noção de como a incerteza torna o humano humano, mas isso já falei, embora a redundância possa te fazer entender melhor, mas não sei exatamente se você entenderia, pois você não é de entender muita coisa, você só é de ficar falando de relacionamentos amorosos ou não tão amorosos, a verdade é que isso enche o saco às vezes, desculpe se fui muito incisivo mas é que falo para não perder esse meu bem querer por você, e você sabe que eu bem te quero muito, assim como bem quero todo mundo, talvez não todo mundo mas a maioria das pessoas, até as chatas, mas a verdade, de novo, sempre ela, é que você é um tanto quanto ininteligível às vezes, fala de muita coisa a toda hora, mas nenhuma eu consigo entender plenamente, com exceção de quando você fala de relacionamentos, que é a parte que eu entendo, porque não há muita coisa que não dê pra entender, está claro tanto para mim quanto para qualquer um que venha a se aventurar em seus fluxos neurais, pois teus olhos imperfeitos, olhos de cigana oblíqua e dissimulada, diria um, e repetiriam milhões de bocas, cara de puta, retrucaria outro, a verdade, olha de novo ela, é que seus olhos não passam de uma seqüela do que o passado fez com você, pobrezinha, te disseram que te amavam e depois disseram que amavam outra pessoa, ora, isso não é coisa que se faça pois amar é uma palavra muito forte, e não pode ser jogada aos quatro ventos, mas sim reservada a pessoas especiais, e cá entre nós, você poderia ser uma pessoa muito especial, mas hoje já não é, Deus do céu, o que fizeram com você que hoje poderia ser especial e não é, vai morrer só isso, mas existiria alguém para pegar tua mão e dizer que te amam verdadeiramente, e você não repudiar esse romantismo repentino como uma forma de defesa dos teus sofrimentos passados, e que se tornam presentes com certa freqüência, mas sim apegar-se não só de corpo como bem faz, e como faz bem, mas também de alma, como diriam um e repetiriam mais outro milhão de bocas num clichê gigantesco, mas que só se tornou esse clichê gigantesco bem sabes porque, ou não sabes já que não entende de muita coisa a não ser de relacionamentos carnais, coisa que, já falei, você é especialista, esse clichê gigantesco, retornemos ao meu fluxo neural inclassificável, me perdoe deixar você à sujeição de absorver toda essa trilha psicológica, mas se você chegou até aqui é porque talvez esteja gostando, e se está gostando vou continuar, mas mesmo que demore páginas, e não dê pra classificar isso em alguma coisa, pois não sei se é crônica conto ou rompante confessional, desculpem, desculpem todos, desculpe mundo, não classifico o que digo, sou um idiota, mas voltando dessas bobagens de classificar, a dizer todas essas coisas quero na verdade dizer só uma coisa, que o clichê gigantesco só virou um clichê gigantesco porque a humanidade o usou à exaustão e a humanidade só o usou em exaustão pois não há verdade mais absoluta para o humano humano que isso, ou talvez até haja, mas que é verdade absoluta é, entregar-se de corpo e alma e ser correspondido tanto quanto o primeiro fez é uma das maiores realizações nessa vida, não sei se você consegue entender, pois não entendes de muita coisa como já disse, mas vou manter minha opinião mesmo que não queiras entender, caso não querias só te levarei para o meio da grama, não bem o meio como já falei, a noite curta, as bobagens matemáticas, não é pra isso que existe a grama nem a noite, mas te deitaria na grama, te encheria com essa homilia neural, te falaria das estrelas e de Vênus que está visível por essas épocas, te falaria qualquer bobagem parecida, e você não entenderia bulhufas, mas buscando segurança nas coisas não tão seguras e certas, mas que trazem alento momentâneo por algum tempo, fiaríamos abraçados debaixo da chuva, e transformaríamos a grama num igapó particular, e nos afogaríamos no meio da madrugada, em nossos próprios refúgios ininteligíveis, eu em meus pensamentos, você em seu corpo.
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Um comentário:
esse é o nosso pupo :)
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